Estava eu no ônibus quando ouço trechos de uma conversa de
pessoas atrás de mim falando sobre uma moça chamada Fabíola que usava a
manicure de ponte de escape para trair o marido. Não precisou muito para chegar
em casa e verificar no faceboock várias e várias postagens do tipo “todos
achando a Fabíola uma vilã por ir a “manicure” mas os homens irem ao futebol
ninguém fala nada…” e coisas do tipo.
Então é isso? Estamos mesmo oficialmente em uma guerra entre
sexos? O importante é fazer tudo o que
os homens nos fizeram por séculos?
Se eles nos traíram por séculos, vamos traí-los! Se eles nos
humilharam e nos trataram como seus capachos e suas escravas, agora é nossa
revanche! Faremos deles nossos bananas favoritos, eles não terão vez nem voz
dentro de casa, nós os sufocaremos com nossos desejos e vontades e teremos
nossos escravos particulares sempre á vista!
Seguindo a ordem lógica dos fatos, não nos resta muita coisa
a não ser começar a coçar o saco, catar meleca de nariz em ambientes públicos,
não ter mais vergonha de soltar flatulências em públicos e não dar mais a mínima
para nossas roupas e cabelos.
Afinal a luta por respeito realmente precisa incluir
igualdade até das piores coisas?
Fica uma briga daqui e dali por defender ou crucificar a tal
Fabíola e seu esposo, uns dizem que ele era um otário que mereceu os chifres
que recebeu, outros dizem e a culpada era a moça em ter pulado a cerca com o
tal do melhor amigo do marido, e no jogo de culpas, no jogo de empurra-empurra
ninguém questiona a traição em si.
Ninguém questiona o fato de porque uma mulher insatisfeita
com seu casamento simplesmente não pôs um ponto final no relacionamento. Se faltava
coragem pra um ponto final que pusesse uma vírgula, com aquele famosa frase “ vamos
dar um tempo…” Mas não. Preferiu o mais cômodo: permanecer em um casamento
cheio de insatisfação mas se sentir feliz e viva ocasionalmente com outro alguém.
Mas alguém pode dizer –“ talvez ela tivesse medo…” se uma
mulher sente medo de ser honesta e sincera consigo mesma e com a própria vida,
com os próprios sentimentos, por causa do homem que escolheu, ou mesmo um medo
concreto, de ser agredida mesmo ( algo terrivelmente ainda comum nos dias de
hoje) porque ainda permanece dividido a
casa e a vida com esta pessoa? Porque não o denuncia? Porque simplesmente não
foge? Não pede ajuda? Porque ainda
acredita nas juras de amor? Porque ainda acredita que ele vai mudar? Como as
tantas que morrem todos os dias?
Pessoalmente não acredito ser este o caso da moça Fabíola. Mulheres
oprimidas possuem medo até de respirar, tanto mais de trair. Mas fico realmente preocupada de como as
coisas se estragaram ao longo do tempo. De repente ninguém liga que traição
machuca, dói, que não é a forma mais adequada de começar ou terminar algo. Que
se dane. Homens otários merecem chifres! E as mulheres? Ah as mulheres…as
trouxas serão chamadas de “cornas” e as amantes serão as “piranhas” . E os
homens? Nestas histórias eles mal aparecem…
Nossas relações estão se tornando muito efêmeras. Tudo
depende do que eu quero, do quão feliz eu preciso estar, do quão satisfeita eu
preciso ser. O outro? Que se dane!! O que importa é EU. Se nossos egos fossem
menores e nosso amor fosse como de fato precisaria ser talvez as Fabíolas de
fato fizessem as unhas e não tantas cagadas na vida.